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  Asilamento e políticas públicas para os idosos foram os temas da Sessão Averroes de abril
Texto e Fotos: João Paulo Brito
  02/05/2013


Asilamento e políticas públicas para a pessoa idosa foram discutidas na SESSÃO AVERROES de abril, realizada terça (30), na Cinemateca Brasileira, em Mesa de Reflexão composta por Eclea Bosi, professora emérita do Instituto de Psicologia da USP e docente do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho, além de criadora da Universidade Aberta à Terceira Idade (UATI), Guiomar Silva Lopes, farmacologista e coordenadora da UATI, e David Braga Jr., especializado em Clínica Médica, ex Secretário de Saúde e Diretor de Planejamento e Gestão dos Municípios de Campinas e Indaiatuba (SP).

A história de Germain e Margueritte, idosos que, no filme “Minhas tardes com Margueritte", constroem um vínculo afetivo a partir de encontros diários numa praça para a leitura de livros, foi a base para a reflexão dos especialistas convidados.

Na comédia romântica francesa, Germain Chaze (Gérard Depardieu) é um velho semianalfabeto, com visível dificuldade intelectual, e Margueritte (Gisèle Casadesus), uma simpática e culta senhora, vivendo em lares para idosos.

“A segunda Instituição de Longa Permanência pela qual a Margueritte passa me parece muito um retrato daquilo que vemos pelo Brasil afora, pois apresenta questões dramáticas e difíceis de serem resolvidas. Estas instituições têm uma definição que deveriam prestar um serviço social, de saúde, psicológico e terapêutico, mas em geral não é isso que acontece”, apontou Guiomar.

A coordenadora do UATI afirmou que o programa vem mostrando como é possível trabalhar com os idosos e conseguir retardar a perda de suas condições funcionais fazendo com que, assim, tenham condições muito melhores de vida. “Não só para eles refletirem sobre o próprio envelhecimento mas também no sentido de interferirem nas políticas públicas”, afirmou.

Eclea Bosi, fundadora da UATI, disse que a entrada dos idosos na universidade mudou completamente a atmosfera das classes. “É impressionante o que os idosos fazem na sala. E fazem à maneira da terceira idade, de uma forma profunda, às vezes não dizível. Eles mudam a cabeça dos jovens que costumam ver esses trabalhadores manuais, pedreiros, empregadas domesticas, como pessoas que têm que os servir, e de repente sentam-se lado a lado para construir conhecimento.”

Lembrando Paulo Vanzolini - importante zoólogo e compositor brasileiro, que morreu neste domingo (28) –, David Braga Jr. associou a incapacidade do compositor em acompanhar com a cabeça e com os pés o ritmo das próprias músicas que compunha com a dislexia do personagem Germain com a leitura e linguagem.

“Ele [Germain] não consegue juntar as palavras para compor um pensamento. Além disso, é assediado o tempo todo, sendo chamado de burro. Com a chegada de Margueritte, ele passa a brincar com algumas coisas que consegue memorizar por conta dessa relação afetiva com ela. Inteligentemente, usa essas palavras como brinquedo para espetar os que o chamam de burro”, explicou o médico.

O ex-secretário de saúde ressaltou a importância de levar em conta o envelhecimento populacional da cidade para se pensar nas próximas políticas públicas a serem implantandas. “Há bairros em São Paulo, como o Cambuci, em que metade da população é idosa. Um governo que pretende ser social e que está preocupado com as questões de habitação e moradia deve se atentar a isso. Se serão construídas 300 creches, precisa-se pensar que daqui a 10 anos elas estarão vazias de crianças e talvez não consigam albergar os velhos porque foram feitas numa arquitetura que não foi pensada para isso.”

David citou ainda outros aspectos da cidade que mostram a despreocupação política e social com a pessoa idosa, como prédios sem elevadores e as péssimas condições das calçadas.

Referente à sessão, Joaquim Fernandes, Administrador de Empresas, e Osvaldo Yutaka, Engenheiro de Minas, avaliaram como “extraordinária” a reflexão realizada nesta terça. “A própria proposta da SESSÃO AVERROES é extraordinária. E não só a Sessão, mas também o Ciclo [de Cinema e Reflexão: Aprender a Viver - Aprender a Morrer] que acontece anualmente. Tanto pela possibilidade de ver bons filmes mas principalmente pelos debates”, disse Osvaldo, que já frequenta a SESSÃO AVERROES há dois anos.

Retomada do ciclo “Idosos do Brasil: Estado da Arte e Desafios”

Durante a sessão, David Braga Jr. anunciou estar prevista para o segundo semestre deste ano a retomada do ciclo “Idosos do Brasil: Estado da Arte e Desafios”, projeto que ao longo de 2011 promoveu, em parceria com o Grupo de Ensino e Pesquisa do Grupo MAIS e com o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP), uma agenda de seminários dedicada aos idosos, como o estudo de um modelo para sua atenção integral e a identificação de ações que contribuam com as diretrizes da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa.

“Martin Grossmann [diretor do IEA/USP] e o Conselho Deliberativo me ligaram para dizer que está aberta a oportunidade de estabelecermos um grupo permanente de estudos sobre as questões relacionadas aos idosos. Devemos realizar uma oficina com escolas convidadas para que a gente construa um modo de fazer aproveitando o ambiente da USP”, afirmou Braga.

Segundo o médico, a retomada do ciclo pode acontecer numa sessão transmitida pela internet integrada a outras duas sessões simultâneas, nos campi da USP em Ribeiro Preto e em São Carlos.

Eclea Bosi se disse muito contente com a notícia. “Nesta cidade que é tão pouco amiga da terceira idade é maravilhoso ver que existem grupos que estão tendo esse cuidado, procurando reunir pessoas que reflitam e melhorem as condições urbanas e de convivência”, disse.

Sergio Gomes, diretor da OBORÉ, também aplaudiu a ideia e falou sobre a necessidade de as instituições que pensam nos interesses e nas condições da pessoa idosa se reunirem para ampliar o debate sobre estas questões. “Precisamos fazer com que essa diversidade toda se reencontre rapidamente. Não vamos conseguir sem que nos autoconvoquemos. Vamos trabalhar para em maio já termos câmeras gravando e transmitindo pela internet aqui também na Cinemateca para que todos possam ver. Essas instituições devem deixar de ser convidadas e passarem a ser protagonistas, para a gente se reencontrar rápido.”

Sobre a Sessão Averroes

Atividade permanente da Cinemateca desde 2009, a SESSÃO AVERROES é fruto da parceria entre Cinemateca, Hospital Premier e OBORÉ.

A partir de agora, as sessões passam a acontecer na última terça-feira do mês, às 19h. A exibição é precedida de visita monitorada (17h) por toda a Cinemateca, incluindo a área técnica de restauro, e seguida de mesa de reflexão com convidados das mais diversas áreas do conhecimento. 

A atividade propõe-se a refletir, examinar e debater a condição humana, a vida e sua terminalidade.

Esta SESSÃO contou com o apoio da Faculdade de Medicina de Itajubá, do Instituto Paliar, da Academia Nacional de Cuidados Paliativos, da UNIFESP e da UATI – Universidade Aberta à Terceira Idade da Unifesp. 

 
 
 
   
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